Os jogos eletrônicos envolvem a fantasia, a criatividade, os sonhos e participam da subjetividade. Jogar não é somente brincar ou entreter. Jogar envolve experiências emocionais intensas, favorece a aquisição de habilidades intelectuais e fomenta a improvisação, a perseverança, a resistência e o enfrentamento de desafios.
Os jogos eletrônicos são estruturados com base em regras explicitas, mas que se abrem para a magia e fantasia, combinando o proibido e o permitido, conferindo um sentido e uma ação.
Os jogos estiveram presentes na cultura desde as suas formas mais rudimentares até atingir na atualidade, a forma digital com uso de elementos textuais, gráficos e sonoros. São formas de contar histórias e o que fascina são os elementos de surpresa e do inesperado que se interconectam numa circularidade em que os finais são sempre incertos.
Jogar é fantasiar, e não tem a ver com a seriedade nem com a realidade. Ainda que utilizem de elementos da cultura, não têm a intenção civilizatória ou moralizante. Jogar é brincar de participar de outra dimensão do universo.
Os jogos são feitos para quem os joga. Devido a rápida expansão, disseminação e consolidação do mercado rentável dos produtores de jogos, pais e educadores se preocupam com a acelerada adicção dos jogadores. Pesquisas devem ser feitas para analisar os elementos presentes nos jogos que favorecem o comportamento compulsivo.
O jogador pode participar solitário ou socialmente, em interações presenciais ou à distância. Os jogos se prestam a todas as faixas etárias e se estabelece no ciberespaço tornando hibrida a noção de espaço e tempo.
No seu aspecto psicológico, o jogo se estabelece num espaço separado da vida comum, levando os jogadores a ab-reagirem às frustrações, com possibilidade de infinitas retomadas para alcançar o resultado almejado. Muitas vezes, nos jogos são possíveis refazer a realidade, corrigindo os elementos que tornam o cotidiano insatisfatório, criando alternativas e soluções, por vezes mágicas e que visam a realização de desejos.
O jogar, também pode ser um mecanismo para encobrir sentimentos que, para o jogador, não podem ser revelados, como obstinação, alienação, baixa autoestima, complexos de inferioridade ou superioridade, desejo de manipulação e poder e outros. Durante a prática dos jogos, o jogador entra em imersão profunda perdendo a noção de tempo e espaço, e, dependendo do que se trata, assumindo avatares de um universo fictício que se tornam extensão do seu corpo.
Tomado pelo mundo maravilhoso do jogo, o jogador permanece a maior parte do tempo sonhando, e quando, a contragosto desperta, quer rapidamente voltar a sonhar.