O relacionamento abusivo se caracteriza quando há sofrimento de uma das partes envolvidas na relação, seja pela violência física, verbal, emocional, psicológica ou sexual. Nas relações heterossexuais, aparecem na maioria das vezes, como dominação do homem sobre a mulher. Isso porque o domínio do homem sobre a mulher é naturalizado pela cultura e, é o homem quem tem ditado as regras, quem possui lugar privilegiado e de dominação social. Ainda assim, há raros casos de relações abusivas da mulher sobre o homem. Nas outras relações afetivo-sexuais também se vê, com frequência, relações abusivas entre os parceiros.
Em todos os casos de relacionamento abusivo, o início da relação é pautada em muito carinho e atenção. Aos poucos o abusador vai exercendo domínio e controle num crescendo que culmina com a violência física e privação de contato social da vítima. Muitas vezes, o abusador ameaça a vítima ou se vitimiza. Alega ciúmes, desequilíbrio ou excesso de cuidado. A vítima acaba por se sentir culpada pelos conflitos, achando que poderia evita-los se se comportasse da forma que o abusador determina.
Aos poucos ela vai perdendo a identidade, se portando conforme o companheiro exige e se afastando dos amigos e familiares por vergonha ou para evitar conflitos. Quando ela se isola, se torna mais vulnerável e acaba por suportar maiores abusos ainda. Para o abusador, as exigências não tem limites. Ele sempre vai encontrar um motivo para ficar descontente. A parceira nunca o agradará totalmente.
Quando há presença do álcool e outras drogas, a relação abusiva fica ainda mais perigosa, porque a violência física ficará mais premente e descontrolada.
Existem três tipos de abusadores.
Muitas vezes, na relação abusiva a mulher convive com os três tipos de abusadores, simultaneamente. O sujeito a agride fisicamente, a ameaça, a diminui diante das pessoas, mantém a dependência dela, a vulnerabiliza, a desconsidera e ainda se mostra indiferente, distante e insatisfeito. A culpabiliza diretamente pelos conflitos, alegando que se ela fosse ou fizesse diferente, ele não ficaria nervoso. Ele alega que ela o descontrola e que o faz “perder a cabeça”. Se sente que vai perde-la, se esmera em pedidos de perdão, promessas de que vai melhorar e que não consegue viver longe dela.
Ela acredita que ele vai melhorar, dá-lhe outras chances até que fica desacreditada pelos amigos e família, sente-se sozinha e vulnerável. Esse é o momento que se instala a depressão, podendo leva-la ao autoextermínio.